O crescimento do mercado e o início do período de otimismo e empregos à vontade prosperou no pós-guerra e fez muitos Baby Boomers acreditarem em um mundo melhor. Mas de repente uma empresa concorrente lança um produto mais barato, outra coloca no mercado algo inovador e aquela empresa que cresceu praticamente sozinha no mercado durante a década de 50 se vê cercada de competidores, que oferecem produtos e serviços similares, com preços mais competitivos e processos mais modernos e eficientes.
O que fazer nesta hora? Rever processos, custos, fornecedores... até que inevitavelmente se chega ao dilema: rever pessoas e empregos. E foi neste contexto de incertezas e decepções que muitos integrantes da geração X cresceram. Ter um emprego já não bastava, já não garantia mais nada para o futuro, pois a qualquer momento o temido “facão” dos cortes de pessoal poderia entrar em ação.
Por isso, quando os primeiros dessa geração começaram a entrar no mercado de trabalho, foi natural perceber neles uma mudança de comportamento e de expectativas em relação ao tipo de relacionamento que teriam com seus empregadores: “eu me dedico na medida da recompensa que me oferecerem”. Se o prêmio fosse bom e o salário atrativo, talvez eles estivessem dispostos a se “matar de trabalhar”. Se não, talvez estivessem dispostos a trocar de emprego.
Era o fim da lealdade nas organizações, fato esse que seria ainda mais impactante para a geração Y. Esse fenômeno provavelmente começou em meados da década de 60, quando foi verificada queda nas taxas de natalidade, especialmente nos países ocidentais, o que mostra mudança na crença e garantia que os indivíduos tinham em relação à segurança financeira e social, ou seja, ter muitos filhos começava a ser um risco para as famílias em termos de conforto.
Somado a isso, homens e mulheres passam a disputar o mercado de trabalho (sendo que a chegada delas aumenta ainda mais a quantidade de candidatos por vagas, que estavam em queda). Mais ainda, com a evolução dos direitos civis das mulheres, muitos casamentos que sobreviviam nas “aparências” deixaram de continuar, elevando o número de divórcios a patamares jamais vistos. Mais um fator que impactará a geração posterior.
Por fim, destaquemos dois outros pontos fundamentais deste período. Primeiro: o mundo em constante transformação, com acontecimentos que marcaram a história do mundo, como a conquista da lua, a queda do muro de Berlim, o colapso da União Soviética e o início do processo de globalização. Tudo isso acontecendo rapidamente, como que querendo dizer “tudo é possível, basta que se tenha recursos”. Segundo: a rápida chegada de equipamentos eletrônicos ao mercado que cada vez mais diminuíam a distância entre as pessoas e o tempo de troca de mensagens (bip, fax, celular, internet). O mundo ficou menor num curto espaço de tempo.
Coloque tudo isso num caldeirão cultural em ebulição e o resultado será uma geração individualista e cética, que verá no trabalho um meio para conquistar coisas, não um objetivo de vida. É inevitável que se questionem a validade de tanta dedicação e comprometimento, se isso não for acompanhado de garantias. Assim, é melhor trabalhar como um louco desde cedo, mas ganhar um milhão, do que trabalhar anos e anos num ritmo tranquilo e muitas vezes não conquistar nada.
A geração X provavelmente trabalha para viver melhor, mas não vive para trabalhar mais. Agora pegue seu walkman (ou para alguns o discman) e “toca Raul”, cantando a música “Ouro de Tolo”, composta por ele em 1973, e escute um quase hino da geração X: “eu devia estar contente porque eu tenho um emprego, sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês (...) eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis, mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado”.
É o fim da inocência e início de um período de transição, que acaba levando à chegada de uma nova geração: eis aqui a geração Y! Chamados de Y’s por serem uma continuidade sem grandes rupturas dos X’s, essa geração também é chamada, às vezes, de Millenials, Echo Busters, Generation Me, iGeneration, entre outros. Essa pluralidade de nomes é um sintoma de uma das maiores caraterísticas dessa geração: a diversidade de gostos e ideias, o acesso livre à informação e a democracia de pensamento.
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