A palavra Gestalt, de origem bíblica significa "o que é colocado diante dos olhos, exposto aos olhares". Esta palavra foi escolhida por psicólogos austríacos e alemães, no século XIX, para definir uma nova vertente da Psicologia. Antes disso, psicólogos acreditavam que o cérebro humano compreendia o todo através das partes, ou seja, era possível perceber uma imagem apenas observando os seus elementos individualmente.
Max Werheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka refutam esta teoria e provam que no cérebro há uma interação de elementos através da percepção de proximidade, continuidade, semelhança, segregação, preenchimento, unidade, simplicidade e figura.
Para resumir, significa que o entendimento de um elemento se dá através do conjunto. Quando se olha uma mesa, primeiro se observa o objeto inteiro, para depois ˝pensar˝ se há quatro pés e um tampo.
Percepção é a combinação de dois elementos: sensação, que nada mais é do que um mecanismo fisiológico, e interpretação. E aí que entramos no ambiente de nosso interesse (o consumo e as finanças pessoais).
A interpretação dos estímulos recebidos nos permite dar um significado a eles. Ou seja, usabilidade, funcionalidade e etc. Nossa visão de mundo vai nos guiar. Para a Gestalt, portanto, é de grande importância a dupla forma-fundo. Para a forma nos chamar a atenção, o fundo é imprescindível tanto para destacá-la ou não. Para que esta dupla seja perfeita, três ingredientes são fundamentais: simetria, estabilidade e simplicidade.
Alguém tem alguma dúvida de que nossos marqueteiros já sabem tudo sobre esta teoria?
Grosso modo, simplificando ao máximo esta discussão (sem intenção alguma de minimizar o trabalho da publicidade), um produto, para ser campeão de vendas, desejo e status - não necessariamente o melhor -, deve ser diferente (para exaltar a forma perante o fundo) e tirar o maior proveito possível da combinação de simplicidade, simetria e estabilidade.
Grosso modo, simplificando ao máximo esta discussão (sem intenção alguma de minimizar o trabalho da publicidade), um produto, para ser campeão de vendas, desejo e status - não necessariamente o melhor -, deve ser diferente (para exaltar a forma perante o fundo) e tirar o maior proveito possível da combinação de simplicidade, simetria e estabilidade.
Tenho certeza que todos entenderam o porquê deste artigo. Vocês conhecem alguém que sabe, melhor do que ninguém, como aliar todas estas funcionalidades? Acertou quem disse Steve Jobs.
Os produtos da Apple são conhecidos por serem de fácil uso, bonitos e, mais do que tudo isso, por representarem status. Pegarei como exemplo o iPad, equipamento em que com apenas um botão e o uso livre das mãos é possível acionar todas as funcionalidades disponíveis.
Há estudos que mostram que uma decisão de compra dura em média 2,6 segundos. Ora, você só precisa acionar um botão para ter acesso às maravilhas da tecnologia. Logo, 2,6 segundos não parecem muito para isso?
Não contente, meses depois de lançar o iPad, Steve Jobs lançou o iPad 2. Mais leve, mais rápido e mais econômico. Com duas câmeras. Com o mesmo preço. Aposto que muitos que já haviam comprado a primeira versão já estão loucos para ter sua evolução.
Steve Jobs trabalha para criar algo que não existia antes, mas que logo passamos a considerar essencial – algo sem o qual "não vivemos". Nas palavras dele, isso significa "criar tecnologia fácil de usar para o público mais amplo possível".
Seu mérito é grandioso. Ele é o mais bem-sucedido em fundir tecnologia com design, marca e moda. Tudo o que grande parte da população almeja: ter o aparelho da moda, mas com tecnologia, mobilidade e facilidade de uso. Combinação que garante, muitas vezes, status.
Voltando ao que interessa: nosso bolso.
Para garantir nossa saúde financeira, precisamos aprender a identificar as táticas da publicidade para nos atingir. A grande questão é: precisamos mesmo de tudo isso? Hoje, a forma é muito mais importante que a função e, quando menos esperamos, já temos a sensação de que precisamos de um iPod e não um mero tocador de música. Precisamos de um iPhone e não de um aparelho celular. É assim mesmo?
Para garantir nossa saúde financeira, precisamos aprender a identificar as táticas da publicidade para nos atingir. A grande questão é: precisamos mesmo de tudo isso? Hoje, a forma é muito mais importante que a função e, quando menos esperamos, já temos a sensação de que precisamos de um iPod e não um mero tocador de música. Precisamos de um iPhone e não de um aparelho celular. É assim mesmo?
Por último, gostaria de enfatizar que não teço uma crítica ao Steve Jobs e aos marqueteiros. Pelo contrário. Tenho um iPad e acho esta discussão sensacional. Discutir como aliar características humanas às ciências relativamente novas, como atingir o público em geral, conseguir convencer as pessoas de que elas precisam dos nossos produtos e etc. é importante para trabalharmos nossos desejos e necessidades.
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